sábado, 25 de maio de 2013

OVA 1 - Capítulo 4



FUSHIGI YUUGI DOKI OVA 1 – As Peripécias de uma Futura Jovem Imperatriz.
Capítulo 4 – A Reviravolta [By Poppy Takashi]
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O Hotohori levava-nos agora a ambos, no cavalo dele, para um riacho ali perto, de modo a lavar-nos a nós e às roupas, uma vez que aquilo que envergava estava impregnado com o sangue do homem que me ameaçara com uma navalha, bem como sujo de terra.
Parámos perto do riacho pouco depois e ele ajudou-me a descer do cavalo. Eu tirei os sapatos e as meias e sentei-me ao pé da água, deixando que esta tocasse os meus pés levemente.
Depois virei-me para trás, para ver o que o Hotohori estava a fazer. Por um lado, preferia não ter voltado a cabeça, pois corei muito. Por outro, tinha de admitir que estava a gostar do espectáculo.
O Hotohori tirava lentamente as roupas de imperador que vestia, ficando de tronco nu. Depois tirou os sapatos e veio sentar-se à minha beira.
O clima ficou algo tenso, nenhum de nós era capaz de dizer alguma coisa. Eu ainda continuava toda corada.
-Err – comecei eu, tentando quebrar o gelo. Olhei para a face dele e pareceu-me que ela estava ligeiramente corada.
-Se quiseres, eu viro-me de costas, para poderes estar mais à vontade – ofereceu-se Hotohori.
-Ah, pode ser, obrigada – respondi, se bem que não era nada que ele já não tivesse visto. Corei ainda mais ao pensar isso.
Ele virou-se de costas e eu tirei a t-shirt e a saia, ficando apenas de roupa interior. Depois, lavei ambas as peças de roupa na água do riacho. Após ter dado esta tarefa com concluída, entrei um pouco mais no riacho para me lavar, visto que o sangue também tinha passado para a minha pele.
De repente, senti algo a tocar-me nas costas, e dei um grito, assustada.
-Poppy! – exclamou Hotohori, correndo na minha direcção – O que se passou?!
-Alguma coisa… tocou-me nas costas – respondi, olhando em volta – Existem tubarões aqui?
-Não – respondeu ele, não contendo uma gargalhada.
-Então o que poderá ter sido? – perguntei, ainda assustada.
-Provavelmente alguma alga ou assim – respondeu ele.
Estávamos agora os dois dentro da água. Ele rodeou-me a cintura com os braços, por trás, puxando-me para mais perto.
-Não te preocupes, eu estou aqui contigo, para te proteger – disse.
Sorri ligeiramente, olhando para a água.
Como já tinha acabado o meu banho improvisado, saí do riacho. A minha roupa ainda estava molhada, mas iria ter de servir. Vesti-a novamente, enquanto o Hotohori se arranjava ele. Não resisti a espreita-lo pelo canto do olho. Ainda bem que ele anda com as roupas pirosas de imperador a maior parte do tempo, porque se não, teria de me preocupar mais com as damas do palácio atrás dele.
Depois de estar tudo pronto, ele saltou novamente para o cavalo e ajudou-me a subir. Fomos então à procura da tal estalagem.
O luar já ia alto. Deviam ser para aí três da manhã. Eu estava tão cansada que acabei por adormecer, embalada pelo trote do cavalo.
Chegámos à tal estalagem algum tempo depois. O Hotohori acordou-me suavemente, para me ajudar a sair do cavalo e tudo mais. Depois arranjámos um quarto e fomos os dois para lá. Eu tirei novamente a roupa, que ainda estava encharcada, e pendurei-a na janela, para que secasse durante a noite. Depois meti-me na cama, e o Hotohori juntou-se pouco depois, desta vez envergando nada mais do que a sua roupa interior.
-Hotohori – comecei.
-Sim? – perguntou.
-É giro ver-te fora do papel de imperador – disse.
Ele sorriu, e num ataque de brincadeira, puxou-me para perto dele, fazendo-me cócegas na barriga. Eu não resisti e soltei uma gargalhada.
-Pára! – pedi, perdida de riso – Cócegas… é o meu ponto fraco – admiti.
Ele parou com o meu pedido, e depois começou a brincar com o meu cabelo.
-Assim já gosto mais – comentei.
-Nunca pensei dizer isto – disse ele – Mas só há uma pessoa neste mundo que eu considero mais bonita do que eu.
-Wow, a Miss Cabelo Perfeito está de volta!
Ele suspirou, antes de continuar a falar.
-Essa pessoa és tu. – terminou, continuando a brincar com o meu cabelo.
Levantei na mão e toquei-lhe na face. Depois ele aproximou-se de mim até aos nossos narizes roçarem suave e gentilmente, e os nossos lábios fundiram-se num beijo de seguida.
Quando finalmente nos separámos, eu lembrei-me de um pequeno detalhe.
-Porque é que estás aqui? – perguntei – Não deverias estar no palácio?
-Quando te vi fugir, tive de vir atrás de ti. Não fazes ideia do quão preocupado fiquei. A floresta é perigosa, e acho que tu também sabes disso.
-E deixaram-te vir? – perguntei.
-Supostamente não, mas tu, a tua felicidade e a tua segurança são mais importantes do que os meus conselheiros.
Fiquei tão feliz por ouvir isso.
-Mesmo assim, amanhã temos de voltar – concluiu ele – Devem andar todos à nossa procura.
-Sim… - respondi.
Era verdade, nós parecíamos dois fugitivos. Ele, na estalagem, usou o nome de nascença dele, Seishuku, e não Hotohori ou Saihitei(o nome dele de Imperador, mesmo). E inventou um nome para mim, que já nem me lembro. Deste modo, seria impossível alguém nos encontrar.
-Hotohori?
-Sim? – disse ele, espantado.
-Podemos só voltar amanhã ao fim da tarde? – pedi.
Ele hesitou um pouco a decidir, mas for fim, assentiu. Por fim, chegámos à conclusão que já era muito, muito tarde e decidimos que era melhor dormir.
No dia seguinte, levantamo-nos ao meio dia. Não era de admirar, tínhamos ido dormir muito tarde. As roupas tinham secado durante a noite. Depois de vestidos, saímos da estalagem e decidimos ir até ao mercado arranjar qualquer coisa para comer. Cruzamo-nos com a Sophie e o Tamahome pelo caminho.
-Hotohori-sama! – exclamou Tamahome, quando nos viu.
-Shiiiu! – protestei – Estamos a tentar passar despercebidos!
-Pode saber-se porquê? – perguntou a Sophie – E olá! Já não vos via há imenso tempo.
-Eu e o Hotohori fugimos do palácio – respondi num sussurro.
-O que se passou? – inquiriu Tamahome.
-É uma longa história – respondi – Não sei se é boa ideia contar-vos tudo aqui no meio do mercado.
-Penso que não – disse Hotohori.
-Bem, como têm estado? – perguntei aos meus dois antigos amigos – Já não vos via há imenso tempo! Deviam passar mais vezes pelo palácio! Se não, parece que só tem empregadas!
-Nós temos estado bem, a Sophie estava a ajudar-me a vender umas coisas, aqui no mercado.
-Ohhhh, continuas fascinado por dinheiro? – perguntei.
Tamahome suspirou e revirou os olhos e, por fim, cruzou os braços.
-Quantas vezes tenho de explicar que o dinheiro é um bem essencial? Tu é que deves nadar em dinheiro, no palácio.
-Se precisares de alguma coisa, é só pedir, de certeza que o Hotohori não se importa, pois não? – perguntei, sorrindo.
-Não – disse ele – Tamahome, se tu ou a Sophie precisarem de alguma coisa, podem pedir-me. Ou à Poppy.
-Obrigado – agradeceu o rapaz de cabelo azul escuro.
-Poppy – começou Hotohori – penso que é melhor voltarmos.
-Sim – respondi – Bem, adeus Sophie, adeus Tamahome! Venham visitar-nos em breve!
Eles acenaram enquanto eu e o Hotohori nos afastávamos. Fomos buscar o cavalo e depois voltámos ao palácio.
-O imperador voltou! – ouvimos exclamar, assim que entramos dentro dos portões.
Os conselheiros vieram a correr ter connosco. O Hotohori desmontou, e ajudou-me a desmontar também.
-Vossa Alteza, podia ter sido muito perigoso, ter fugido assim!
-Podia ter sido ainda mais perigoso deixar a Poppy sozinha na floresta – ripostou Hotohori.
-O que se passou? – perguntou outro conselheiro.
-Nada – respondi eu, falando pela primeira vez – Ou melhor, para ser sincera, até se passou.
Os conselheiros trocaram um olhar incrédulo entre eles.
-O que se passou, Vossa Alteza? – perguntou.
-Em relação aos deveres imperiais que eu vou ter de cumprir – comecei – não concordo com uma parte.
-Que parte, Vossa Alteza?
-Eu não vou ser mãe aos dezasseis anos.
-Quando está a pensar sê-lo? – perguntou um dos homens.
-Quando eu me sentir preparada para tal.
-Penso que seria então, melhor para Konan, que Vossa Alteza, o Imperador, escolhesse uma dama, para que a sucessão fosse assegurada.
-Não o farei – disse Hotohori – Não pretendo ter um filho com mais ninguém para além da Poppy. E se ela quer esperar, então penso que todos devem aceitar a decisão dela e respeitá-la.
Os conselheiros voltaram a trocar um olhar entre si, chocados.
-Mas… - recomeçou um deles.
-Não insista – ordenou Hotohori – é assim que vai ser. Não pode forçar uma pessoa a querer ser mãe.
Ele lembrava-se do que eu lhe tinha dito.
-Exactamente – concluí.
-Bem, muito boa tarde, meus senhores – disse Hotohori, e ambos fomos até ao quarto, para mudar de roupa, com os dedos entrelaçados.
“Parece que esta rapariga ainda vai dar muito que falar”

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