sexta-feira, 24 de maio de 2013

OVA 1 - Capítulo 3



FUSHIGI YUUGI DOKI OVA 1 – As Peripécias de uma Futura Jovem Imperatriz.
Capítulo 3 – Tradições [By Poppy Takashi]
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O Hotohori sabia agora o que me preocupava. Tinha ouvido a minha conversa com a Erio.
-Desculpa – disse.
Ele não disse nada e eu levantei-me da cama, dirigindo-me à porta.
-Se calhar seja melhor eu ir embora – constatei – afinal, não quero ser mãe aos dezasseis anos. E caso não o seja, não posso ser imperatriz nem ficar contigo.
Ele tinha-se levantado enquanto eu falava.
-Ser mãe é uma coisa que não podes forçar uma pessoa a querer – continuei – Por isso, se precisas assim tanto de um herdeiro, lamento não poder fazer isso por ti. Se não nos voltarmos a ver… espero que sejas feliz.
Saí a correr do quarto, indo até à zona dos cavalos, onde apanhei um, dirigindo-me para onde a Taiitsukun vivia. Apesar de eu não querer chorar, as lágrimas teimavam em molhar-me os olhos.
Quando cheguei ao meu destino, desmontei do cavalo, e entrei por lá dentro, a barafustar.
-Taiitsukun, Taiitsukun! – chamei – A única razão pela qual me deixaste voltar foi para ser mãe aos 16 anos?!
A Taiitsukun apareceu à minha frente, de cabeça para baixo, assustando-me.
-POPPY TAKASHI – começou ela, numa voz grave e imponente – Porque é que pensas isso?!
-Porque é a única razão que todos veem para eu existir. No palácio, parece que todos acham que uma imperatriz só serve para dar herdeiros ao imperador. Por amor de deus! No meu mundo, as coisas não são bem assim. O amor verdadeiro é mais importante que a política.
A Taiitsukun ficou parada, pasmada, durante algum tempo, depois ordenou-me que lhe seguisse. Levou-me até uma sala onde o Chichiri estava.
-C-Chichiri! – exclamei, quando vi o meu antigo amigo.
-Poppy! Olá ~no da! – disse ele, com o sorriso habitual dele.
-Olá – disse eu, tentando sorrir.
-O que te traz por cá? ~No da! – perguntou ele.
-Nada de mais – disse – só acho que maior parte das pessoas daqui continuam tão estúpidas como sempre.
-Poppy, queres falar um bocadinho com o Chichiri? – perguntou a Taiitsukun.
-Pode ser.
A Taiitsukun saiu e eu e o Chichiri sentámo-nos no chão da divisão, com as pernas cruzadas à chinês.
-O que se passou? – perguntou ele, agora mais sério.
-Bem… - comecei eu – tu sabes a história até onde?
-Só sei até à parte do teu casamento com o Hotohori-sama ~No da.
-Bem… o que aconteceu foi o seguinte, então – continuei – Eu vou ser coroada imperatriz em breve… ou ia. Mas, nos deveres de imperatriz, dizia lá que eu e o Hotohori teríamos de ter um filho o mais rapidamente possível e eu não quero ser mãe aos dezasseis anos.
-Poppy, isso faz parte da tradição de Konan – explicou Chichiri, tentando acalmar-me – Mas, sabes, às vezes temos de fazer sacrifícios.
-Tu sabes que… ser mãe tão cedo é mau para a saúde, não sabes? – perguntei – pelo menos, em Tóquio, no Século XXI é o que dizem.
-Mas cá é algo natural ~No Da! – continuou – No entanto, penso que só o deves fazer se quiseres mesmo.
-Eu querer, não quero. E se por eu não querer, não me deixam ficar com o Hotohori?
-Tu gostas mesmo dele, não gostas? ~No Da.
-Sim – respondi, corando.
-Então fala com ele – disse Chichiri – Fugir é pior. E de certeza que ele te vai compreender e, se gostar mesmo de ti, não vai forçar-te a fazer algo que não queiras, nem te vai deixar por causa disso.
Entretanto, em Konan, Hotohori estava totalmente desconcertado com o que Poppy fizera. Fugir. Isso não era nada típico dela.
Não estava zangado com ela. Estava triste. Mas ao mesmo tempo, compreendia o ponto de vista dela. Devia ser realmente mau sentir-se que só se servia para dar herdeiros ao imperador.
Hotohori saiu do quarto a correr, tentando perceber para onde é que Poppy poderia ter ido.
-Sua Alteza, onde vai? – ouviu perguntar.
-Atrás daquilo que quero, antes que o perca para sempre – respondeu, ignorando os protestos do conselheiro.
Enquanto corria, soltou o cabelo. Era mais fácil assim do que estar preocupado que o chapéu não caísse em algum sítio. Saltou para um cavalo, levando a sua espada consigo, e partiu a galope.
De volta à minha conversa com o Chichiri,… Ele continuava a tentar acalmar-me.
-E os conselheiros dele? Estão sempre a dar palpite! – continuei a protestar.
-Preocupas-te mais com eles ou com quem amas? – perguntou Chichiri – Onde é que está a Poppy que eu conheço? ~No da!
Estas últimas palavras tocaram-me. O que me tinha acontecido?! Estava com medo? Afinal eu não tinha mais poder que os conselheiros?
Levantei-me.
-Ela está aqui – disse, com um sorriso.
-Finalmente! No Da~! – exclamou Chichiri, sorrindo.
-Vamos a isto! Ou eu não me chamo Poppy Takashi!
Abracei o Chichiri e agradeci-lhe novamente e depois saí a correr da divisão, procurando Taiitsukun.
-Taiitsukuuuuuuuuuuuuuuuuun – chamei.
-Sim? Parece que estás de volta à tua forma de ser habitual – disse ela, sorrindo (apesar de ser muito feia, consegue sorrir).
-Sim, o Chichiri animou-me. Tem um bom aprendiz ali, Taiitsukun – disse – Trate bem dele. E obrigada, mas eu tenho de voltar.
-Que Suzaku esteja contigo, Sacerdotisa de Suzaku – abençoou a Taiitsukun.
Eu voltei para o cavalo e saí a galope, indo de volta para o palácio de Konan. Os conselheiros não tinham menos poder do que a futura imperatriz. Por isso, se não for eu a mudar essa lei idiota dos herdeiros, ninguém o fará.
De repente, algo inesperado aconteceu. Enquanto ia a galopar pelo meio da floresta, alguém atingiu o meu cavalo com uma faca, fazendo com que este caísse ferido e que, consequentemente, eu caísse ao chão também.
“Bolas” pensei “Fui mesmo estúpida em deixar o meu arco no palácio”
Dois homens estranhos aproximaram-se de mim.
-O que é que a menina anda por aí a fazer a estas horas da noite? – perguntou o primeiro homem.
Deviam ser bandidos.
-Não é da sua conta – respondi.
O segundo homem aproximou-se mais de mim e agarrou-me nos pulsos, aproximando-se o suficiente para eu sentir o hálito a cheirar a álcool dele.
-Ai não é? – perguntou.
-Não – respondi – E se vocês estão a tentar engatar-me, é melhor que vão tomar um banhinho primeiro, porque cheiram pior que um monte de estrume podre.
-Não me interessa – disse o homem.
O primeiro homem aproximou-se de mim com uma navalha.
-Pois a mim interessa – respondi, mandando um pontapé com força nas partes baixas do homem que me agarrava os pulsos.
Este caiu ao chão, agoniado com a dor. O homem que tinha a navalha tentou acertar-me com ela, mas eu escapei.
-Tu não vais fugir – disse o homem – vamos levar-te ao nosso chefe. Mas primeiro, vamos divertir-nos um bocadinho contigo.
-Lamento, mas vocês, de divertido, não têm nada – respondi.
-Não te armes em espertinha.
O homem que eu tinha atingido continuava no chão, a gemer por causa da dor que eu lhe causara. Distraída, virei-lhe as costas, pronta para recomeçar a protestar com o homem da navalha. Até que… o homem que estava caído agarrou-me no tornozelo esquerdo e fez-me cair.
Assim o segundo homem aproveitou a chance e aproximou a navalha do meu pescoço, inspecionando, de seguida, a minha roupa. Provavelmente, aquilo que vestia era algo muito fora do vulgar para eles.
-Como é que isto se tira? – perguntou o homem da navalha, enquanto observava a minha saia e as meias.
Ele estava sentado em cima de mim, com a navalha junto ao meu pescoço, por isso, impossível eu conseguir sair dali. Para além disso, o outro homem continuava a agarrar-me o tornozelo.
De repente, algo quente cobriu-me a t-shirt que vestia. E o homem caiu em cima de mim, inconsciente.
-Eish, pesado demais! – protestei eu, fechando os olhos e tentando não respirar devido ao mau cheiro do homem.
Ouvi um grito e o barulho de uma lâmina e a força do segundo homem no meu tornozelo diminuiu.
-Poppy! Finalmente encontrei-te! – ouvi uma voz familiar.
-Hotohori – proferi lentamente.
Ele ajudou-me a sair de debaixo do homem.
-Estás bem? – perguntou – Estás ferida? Estava mesmo preocupado.
Olhei para ele e reparei que a marca de membro dos Suzaku Seven, no lado esquerdo do pescoço dele, brilhava.
-Estou – respondi, abraçando-o. Ele rodeou-me nos braços dele e eu não aguentei mais e comecei a chorar.
-Pronto, já passou – acalmou-me ele, enquanto acariciava suavemente o meu cabelo.
-Desculpa – disse – Pensei que eu iria ser posta fora do palácio, e que tu irias trocar-me por uma das outras damas do palácio.
-Como foste capaz de pensar tal disparate? – perguntou ele – Eu nunca te trocaria por ninguém.
-A sério? Nem mesmo por aquela Houki?
-Não, eu não a deixei por ti? – perguntou ele.
-Sim, mas…
-Eu amo-te, Poppy.
Corei ao ouvir tais palavras.
-Para sempre? – perguntei.
-Sim.
-E quanto à questão dos filhos herdeiros…? – perguntei, algo receosa.
-Não te vou forçar – disse ele – Se não queres já, eu compreendo. E os meus conselheiros também vão ter de compreender.
-Não vão proibir-me de ser a tua imperatriz por causa disso?
-Não, claro que não. Eu vou ordenar que essa tradição seja alterada – disse ele.
Mais uma vez, ele iria ordenar que uma tradição fosse alterada por minha causa.
-Obrigado – disse ele –Por seres quem és.
Se isto continuar por muito mais tempo, daqui a pouco é que não consigo mesmo parar de chorar.
-Hmm – comecei eu, tentando mudar o tema de conversa – Estou toda suja.
E era verdade, tinha a roupa coberta de sangue do homem e de terra.
-Tenho uma ideia. Há um riacho aqui perto. Podíamos lavar-nos lá.
Corei ligeiramente com a ideia, mas realmente não queria ter de voltar para o palácio com aquelas roupas todas sujas.
-E depois podíamos ficar numa estalagem por aí, a viver como duas pessoas normais – sugeriu ele, e eu fiquei espantada com tal decisão.
-Pode ser – respondi, sorrindo.
Ia tê-lo só para mim durante um dia.
Ele embainhou a espada, novamente, depois de limpar o sangue que a impregnava à sua roupa. De seguida subiu para o cavalo e ajudou-me a subir também.
E assim encaminhamo-nos para o riacho ali perto.

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