FUSHIGI YUUGI DOKI OVA 1 – As Peripécias de uma Futura Jovem
Imperatriz.
Capítulo 1 – O pergaminho [By Poppy Takashi]
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Tinham passado alguns dias desde o casamento. Konan estava
calmo e pacífico. O imperador finalmente tinha desposado alguém (que era eu) e
a paz envolvia todo o reino.
Estava sentada no quarto que partilhava com o meu marido, o
imperador de Konan, Hotohori. De um momento para o outro, tornei-me imperatriz.
Ok, ainda não era bem imperatriz – ainda não tinha sido coroada. Adorada por
alguns, odiada por muitos, em breve iria assumir o lugar ao lado da pessoa que
amo, como governadora de Konan.
Desenhava calmamente um vestido. Um longo vestido branco,
como o de uma princesa. Desejava vestir algo daquele género para a cerimónia da
Coroação que se realizaria em breve.
Bateram à porta.
-Entre – respondi eu.
Uma das minhas damas pessoais (não é que eu precisasse
delas) entrou no quarto.
-Vossa alteza – iniciou a mulher – Trago…
-Por favor, não me chamem assim! Fazem-me sentir uma velha!
– respondi, indignada.
-Desculpe – apressou-se ela a proferir, fazendo uma pequena
vénia.
Eu suspirei e revirei os olhos. Nunca me iria habituar
àquele cerimonial todo. Ao menos quando era só uma sacerdotisa, não era tão
requisitada para pequenas coisas.
-O que a traz por cá? – perguntei.
A mulher entregou-me um pergaminho.
-Está aí tudo o que precisa de saber para a cerimónia da
coroação, vossa alteza – disse ela.
Suspirei de novo. Ela tinha ignorado o meu pedido.
-Pode chamar-me antes Poppy, por favor? É o meu nome –
protestei.
Ela voltou a desculpar-se, e depois disse para eu memorizar
todo o ritual. O pergaminho era enorme e eu tinha mais que fazer que memorizar
aquela tralha toda.
Abri o pergaminho e comecei a ler. Boa! Iam forçar-me a usar
um vestido piroso, que parece daqueles que o Hotohori usa, durante os seus
serviços oficiais como imperador.
-Eu NÃO vou vestir isto – reclamei, mostrando à senhora o
meu desenho –É isto que quero vestir.
A mulher olhou para o vestido com um olhar desaprovador.
-Ombros à mostra – disse ela, avaliando o vestido – Isso não
pode ser aceite para tal cerimónia, de maneira alguma.
-Então eu não vou usar esse vestido. A sério! Vocês, no que
toca a moda, parecem a minha bisavó! Ela é que se vestia assim… E, pobre
senhora, já morreu há muito, muito tempo.
A senhora olhou novamente para mim, e depois olhou para o
que eu vestia. Calções pretos curtos, blusa branca com folhinhos, meias pretas
altas e umas botas.
-Qualquer dia, tenho de ensinar as pessoas deste reino a
vestirem-se – continuei.
-Peço desculpa – disse a senhora – Eu vou falar com Sua
Majestade, o Imperador, a respeito dos seus desejos.
-Eu posso falar com ele – respondi.
A senhora disse que ela trataria disso e saiu do quarto. E
eu resolvi sair também. Levando comigo o pergaminho e o meu desenho, fui até à
sala onde Hotohori estava, com os seus conselheiros, a falar de assuntos
políticos.
Ele levantou-se quando me viu entrar e veio ter comigo, dando-me
um beijo suave nos lábios, em frente a todos. Os conselheiros fizeram-me uma
pequena vénia.
-O que se passa, Poppy? – perguntou ele.
-Uma das damas de companhia entregou-me isto – disse eu,
mostrando-lhe o pergaminho.
Hotohori abriu-o e eu apontei para a parte que dizia
respeito à vestimenta.
-Tenho mesmo de vestir algo assim? – perguntei.
-Bem, é uma tradição, pelo que devias cumprir – disse ele,
acariciando-me a face enquanto falava.
-Tu sabes que eu nunca gostei destas roupas – disse eu. Mas
decidi que era melhor parar. Estava a fazer uma ceninha de criança. Mesmo
assim, mostrei-lhe o desenho – O que achas?
Ele olhou para o desenho e depois sorriu.
-Está lindo – disse – Penso que seria possível alterar um
pouco a tradição e permitir que usasses algo assim, em vez do que é
tradicional.
Sorri. Os conselheiros pediram a Hotohori que ele lhes
mostrasse o meu desenho. Quando o viram, eles ficaram algo chocados, pelos
mesmos motivos que a senhora de antes havia ficado.
-Isso vai completamente contra a tradição e contra o
aceitável! – exclamou um deles – Vossa Majestade não devia alterar a tradição.
Hotohori suspirou.
-Se este é o desejo da Poppy, que a tradição seja alterada –
disse ele, por fim.
Eu senti-me um pouco mal. Ele estava a ir contra os costumes
por causa de um pequeno capricho meu.
Depois pedi desculpa por ter interrompido a sessão, e voltei
para o quarto. O Hotohori prometeu que iria ter comigo assim que estivesse
livre.
Deitei-me na cama, de costas, a ler o pergaminho. Lá
explicava como tudo iria decorrer, o que eu tinha de dizer, entre outros
detalhes. O meu olhar parou novamente num ponto desse pergaminho. O último de
todos. Este dizia que o imperador e a imperatriz deveriam conceber um herdeiro
ao trono, do sexo masculino, o mais rápido possível.
Esperem lá… Eu não quero ser mãe aos dezasseis anos de
idade! Eu bem dizia que isto era um país do terceiro mundo!
Acabei por ficar o resto do dia deitada na cama, a estudar
aquilo, ou a desenhar, ou a ler algum manga que tinha trazido do meu mundo.
Ao fim do dia, o Hotohori finalmente regressou do trabalho.
-Olá – disse, sentindo-me corar, e focando a minha atenção
naquilo que estava a fazer.
-O que estiveste a fazer? – perguntou ele, sentando-se na
cama onde eu me encontrava deitada.
-Estudar as coisas para a coroação, desenhar e ler manga –
respondi. Não tive coragem de mencionar o último parâmetro dos aspectos a
cumprir, como imperatriz.
O Hotohori pegou no manga que eu tinha na mão e começou a
folheá-lo. Suponho que ele não perceba japonês. Depois levantou-se.
-O jantar deve estar pronto daqui a pouco, vens? –
perguntou, estendendo-me a mão.
Eu aceitei a mão dele e saímos os dois para o local onde o
jantar (que seria um grande banquete, conhecendo aquele palácio como conheço)
seria servido. Eu permaneci calada.
-Passa-se alguma coisa? – perguntou Hotohori, estranhando o
facto de eu estar extremamente calada.
-Não, nada! Que ideia! O que é que haveria de se passar? –
respondi, tentando forçar um sorriso, desviando o olhar de seguida.
Ouvi Hotohori suspirar. Espero que ele não esteja preocupado
com a minha súbita mudança de atitude.
Chegámos à mesa do jantar. Ambos nos sentámos para comer.
Jantámos calmamente e eu continuei calada. Se falasse, provavelmente sairia
porcaria.
No fim do jantar fomos dar uma volta a pé pelo jardim.
-Tens a certeza que não se passa nada? – perguntou Hotohori
novamente.
-Já disse que não – respondi, começando a ficar algo
irritada.
Ele abraçou-me de repente, sem eu estar a contar.
-A sério, se precisares de falar podes contar comigo. Estás
com saudades do teu pai? Da Erio? – perguntou.
-A sério, não é nada, não te preocupes – respondi,
afastando-me.
-Bem, se estás com saudades da Erio, ouvi dizer que ela vem
visitar-nos amanhã.
-A sério? – respondi, já mais feliz. Ao menos, ia poder
falar com ela sobre o meu… pequeno problema.
-Sim, espero que se divirtam as duas. À noite, vamos dar um
banquete aqui, para eles jantarem connosco. E talvez fiquem cá a dormir, também
– acrescentou.
Sorri ligeiramente. Tinha saudades da minha amiga. Era uma
SECA estar o dia todo fechada no palácio, à espera que o tempo passasse.
-Acho que devíamos ir dormir – disse Hotohori – Amanhã eu
tenho trabalho para fazer, outra vez.
Eu disse que sim, com a cabeça e fomos para o quarto.
Mudámos para as roupas de noite e eu fui a primeira a meter-me na cama.
Cheguei-me bem para o cantinho, não queria ficar muito perto dele. Ele
juntou-se a mim pouco depois, aproximando-se e eu cheguei-me ainda mais para o
canto da cama.
-Acho que estou a ficar constipada – apressei-me a dizer,
antes que ele voltasse a perguntar-me se estava tudo bem – não quero que fiques
doente também.
-Oh – ouvi-o dizer – Tudo bem, esperemos que não fiques
doente. Boa noite.
Vi-o a aconchegar-se nos cobertores, adormecendo pouco
depois. Fiquei a vê-lo dormir durante um bocadinho, antes de eu própria
adormecer também.
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